Fala, Mercado
Menos inflação, menos juros e menos crescimento. É o que estão vendo pela frente os economistas ouvidos pelo Banco Central. O relatório Focus dessa semana trouxe uma expectativa mais amena para o PIB de 2018, com uma revisão do resultado final do crescimento econômico este ano. Agora os analistas esperam alta de 2,84%, ante alta prevista de 2,89% da semana anterior.
Por quê estão recuando?
Há algumas explicações para isso. Algumas econômicas e uma de “todo resto”. As econômicas estão ligadas ao emprego, que ainda tropeça, apesar da recuperação dos últimos meses. Há também questionamentos sobre a força da retomada na indústria e, especialmente, nos serviços. Ambos pesam no cálculo do PIB e têm apresentado ritmo mais lento nos últimos meses, levando a crer que a velocidade do ano tende a não acelerar tanto.
No “todo resto” estão a insegurança política e jurídica. O quadro das eleições não só não se define, como se complica. No campo da justiça, os excelentíssimos senhores do STF têm tido a capacidade impensável de criar temores, e não certezas, sobre o futuro. Logo neste momento que atravessamos.
Não há como deixar de fora estes ingredientes na hora de montar cenários possíveis e prováveis para o PIB de 2018. Mesmo levando em conta que inflação e juros estão em queda, o que, teoricamente, alimentaria a retomada.
As previsões do Focus também foram revistas para o IPCA e para a taxa Selic. O índice oficial de inflação deve ficar em 3,54% e a taxa básica de juros da economia, em 6,25% até o final do ano. Isso é ótimo, ou seria ótimo, se aquele “todo resto” ajudasse, porque nós não tomamos decisões olhando só para os números. O comportamento da sociedade e das suas lideranças dizem muito sobre o caminho que está sendo construído e o que esperamos da travessia.
Aquela tranquilidade de achar que juros e inflação de mundo civilizado nos dariam energia suficiente para engatar num PIB mais robusto começa a dar sinais de cansaço com bombardeio que a política e a justiça têm disparado contra o país. Sem falar da violência urbana propriamente dita que faz mais vítimas a cada dia.